Ao contrário do que muitos pensam, manter uma empresa não é fácil. Afinal, não basta ter um bom produto ou serviço, é preciso ficar de olho nos principais indicadores financeiros. São eles que dizem se o seu caminho atual está levando ao lucro ou se é hora de mudar os rumos e resolver problemas internos. E ninguém quer trabalhar para ter prejuízo, certo?
Pensando nisso, selecionamos 5 indicadores-chave básicos capazes de retratar o panorama financeiro da sua empresa com exatidão. Com eles, além de olhar os números brutos, você saberá se as perspectivas futuras são animadoras ou ruins, o que orientará uma melhor tomada de decisão. Continue lendo e confira!
1. Margem de lucro bruto
A margem de lucro bruto é a melhor medida para saber se sua precificação de bens ou serviços está de acordo com o que os seus clientes estão dispostos a pagar. Ela é bem simples de calcular:
margem de lucro bruto = (receita – custo de mercadorias vendidas) / receita
Se o resultado for negativo, significa que tanto a quantidade quanto o preço dos seus produtos não está adequada. Em outras palavras, a sua receita não está sendo suficiente para cobrir os custos operacionais. Será a hora, portanto, de verificar o que está dando errado, como:
- o mercado não está recebendo bem seus produtos e serviços,
- a qualidade do seu serviço é considerada ruim pelos clientes,
- seu preço está fora da curva de equilíbrio da oferta e da demanda,
- o mercado está em recessão e você precisa reduzir preços,
- seus custos operacionais estão altos etc.
Vale ressaltar, no entanto, que mesmo que o seu lucro bruto esteja elevado, ainda é preciso olhar os demais indicadores, pois ele não é o único capaz de denunciar prejuízos.
2. Lucro líquido
Basicamente, o lucro líquido indica quanto dinheiro sobra depois do pagamento de todas as contas — por consequência, diz se vale a pena para você continuar o seu negócio do jeito que está. Seu cálculo também é muito simples:
lucro líquido = receita total – custos e despesas totais
Vejamos um exemplo: se as suas vendas no mês passado foram de R$ 10.000 e os custos da mercadoria mais as despesas de aluguel, estoque, salários, entre outros, foram de R$ 8.000, o lucro líquido é R$ 2.000. Se você é o único dono do negócio, esse lucro líquido poderá ser seu salário.
É essencial que esse valor seja capaz de suprir as suas necessidades básicas, além de fornecer um dinheiro extra para que você se divirta, para continuar se motivando. Ainda outra parte do lucro líquido deve ser poupada, para que você possa realizar investimentos ou cobrir variações sazonais de receita — que, dependendo do seu negócio, podem ser grandes.
3. Margem líquida de lucro
A margem de lucro líquido é outro dos principais indicadores financeiros que diz respeito a saúde financeira da sua empresa. Isso porque os números absolutos, como os anteriores, podem gerar uma falsa impressão de que tudo vai bem quando, na verdade, vai mal. Sua equação é a seguinte:
margem de lucro líquido = lucro líquido / receita total
Aproveitando o exemplo anterior, a margem de lucro líquido seria de 20% — o que é considerado razoavelmente bom. No setor de serviços, estima-se que uma margem boa ultrapassa 12% e, na indústria, deve estar acima de 8%. Mas, afinal, por que ela é tão importante?
Imagine a seguinte situação: duas empresas têm um lucro líquido de um milhão de reais. Elas estão com a mesma situação financeira? Não necessariamente. Se uma tem uma margem líquida de lucros de 20%, e a outra, de 10%, a primeira, obviamente está muito melhor. Isso significa que, para cada real gasto, ela é capaz de produzir o dobro de lucros em relação à outra.
Certamente, esse é o tipo de informação de que seus investidores vão querer saber antes de aplicar capital na empresa. Além disso, observando a evolução da margem líquida de lucros você consegue avaliar os investimentos e melhorias realizados na empresa: se ela aumentar a cada mês, isso indica que essas ações estão funcionando.
4. Contas a receber
Caso o seu negócio envolva o envio de contas aos clientes — como é o caso de empresas prestadoras de serviços contínuos —, você precisará manter um controle afiado dos vencimentos de contas a receber e dos hábitos dos clientes.
Por exemplo, se um cliente X paga constantemente as suas contas a cada 30 dias (dentro do vencimento), mas os clientes Y e Z sempre atrasam cerca de um ou dois meses, você terá um fluxo de caixa inconstante. Por isso, saber qual é a porcentagem média dos clientes que pagam a cada dia após o vencimento é fundamental, e para várias ações:
- determinar qual é a multa e a taxa de juros ideal para manter sempre um fluxo de caixa positivo, mesmo quando houver atrasos. Isso garante que você seja sempre um bom pagador a seus credores, o que é importantíssimo para atrair financiamentos e investidores;
- saber qual é o seu fluxo de caixa médio, para planejar suas ações e o seu calendário financeiro;
- pensar em ações de recuperação de débitos etc.
5. Liquidez geral
Esse indicador diz respeito à capacidade da empresa de pagar as suas próprias contas — por isso, é um dos mais importantes para que os investidores decidam se vale a pena ou não injetar capital no seu negócio. Quando uma empresa é negociada na bolsa de valores, essa é uma das primeiras informações a ser mostrada. Ela pode ser calculada da seguinte forma:
relação atual = ativo circulante / passivo circulante
O resultado ideal deve se encontrar entre 1,5 e 3. Valores inferiores a 1 implicam que a empresa não tem dinheiro suficiente para pagar as próprias contas.
Esse é um indicador que deve ser acompanhado de perto constantemente, pois é um dos primeiros a variar quando há problemas de fluxo de caixa. Se ele chegar a valores entre 1,0 e 1,5, tome as medidas que forem necessárias para sanar o problema, como corte de custo, demissões, ajuste de preços, campanhas de marketing etc.
6. Retorno sobre patrimônio líquido
Agora que você já conhece os indicadores mais básicos, é hora de falar sobre alguns mais avançados — já que demandam um bom conhecimento dos anteriores. O primeiro é o “retorno sobre o patrimônio líquido” (ROE), cujo principal objetivo é a capacidade da sua empresa de gerar mais receita à medida que abre seu capital para investidores ou acionistas.
Para isso, você precisará conhecer seu lucro líquido, que são os ganhos reais da sua empresa após o desconto de custos e de impostos, assim como o patrimônio líquido — o capital adquirido após venda de ações, entrada de novos sócios ou aporte de investidores. O cálculo é bem simples:
ROE = Lucro líquido ÷ Patrimônio líquido
Com esse indicador, você consegue mostrar para seus investidores que o dinheiro que eles investem está sendo utilizado para trazer melhores resultados para as empresas em vez de ser utilizado para cobrir gargalos de produtividade ou aumento no salário dos executivos sem uma boa justificativa. Ele também mostra uma eficiência na gestão de capital, isto é, sua empresa sabe quais são os melhores investimentos para cada momento.
Para manter o seu nível atual de atração de investidores, um ROE acima de 15% já é suficiente. Os valores acima de 25% são considerados excelentes e podem colocar seu negócio nos holofotes. Porém, não se desespere em conseguir valores muito mais altos do que esses, visto que o mercado sabe que é difícil um aproveitamento perto dos 100%.
7. Capital de giro
O capital de giro (CG) é um termo muito comum no jargão empresarial, mas muitos empresários não sabem o seu conceito técnico no mundo das finanças. Na verdade, o CG é um indicador numérico que mede os ativos financeiros disponíveis prontamente a fim de liquidar eventuais passivos financeiros de curto prazo.
Em outras palavras, mede o quanto sua empresa tem capital livre para pagar quaisquer despesas ou oportunidades que surjam. Portanto, não é só a capacidade da sua empresa de lidar com crises, riscos e eventualidades, mas também o dinheiro disponível para alguma oportunidade de curto prazo, como aumento de produção devido a uma demanda esporádica.
Por exemplo, devido a um verão com um calor acima da média, pode surgir uma demanda extraordinária por ares-condicionados, e a empresa com maior capital de gira será capaz de aumentar a produção mais rapidamente. O indicador é calculado da seguinte forma:
CG = ativos circulantes – passivos circulantes
Os ativos circulantes para o capital de giro envolvem o caixa disponível no momento, os investimentos que podem ser sacados a curto prazo e as contas a receber. Os passivos circulantes são todas as obrigações financeiras de curto prazo, como ordens de compra, as próximas parcelas de um financiamento etc. Qualquer valor acima de 1 já indica uma boa gestão financeira, mas quanto maior o CG, melhor.
8. Margem EBITDA
A margem EBITDA mede a eficiência da sua empresa de gerar lucros a partir das suas operações diárias. Para isso, calcula-se o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização e, depois, divide-se pela receita total. Com isso, é possível analisar a lucratividade operacional e a eficiência do fluxo de caixa, isolando a capacidade produtiva das más decisões administrativas. Com a margem EBITDA, você sabe se é preciso de uma reformulação da gestão ou das operações.
Enfim, estes são os 5 principais indicadores financeiros. Se você os observar sempre de perto, temos certeza de que não terá dor de cabeça, pois eles são capazes de alertá-lo precocemente sobre qualquer problema.
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